CRÍTICA: Liga da Justiça de Zack Snyder
Para o bem ou para o mal toda a autoralidade expressada
Através de um movimento digital (Release The Snyder Cut), envolvendo fatos tristes e de redenção pessoais de seu diretor (Snyder) e o fiasco – até então mais canônico – de Liga da Justiça de Whedon (2017), Zack Snyder’s Justice League é um tipo de suprassumo para aqueles que sacrificaram seus bodes, jejuaram e rascunharam suas hastags. Além de todo, desenrolar por trás da vida snyderiana, da trama de reviravolta entre ele, Joss Whedon e Warner – o que já renderia um bom filme por si só – lidamos aqui com um marco. Um filme de destravado limite para a autoralidade dentro do subgênero de super heróis. Mais do que foi Logan (2017), Batman da trilogia Nolan (2005 – 2012) ou Coringa (2019).
No que diz respeito ao feitor dessa autoralidade toda, há quem ame e há quem odeie. O meio-termo é raro. Câmeras lentas em demasia, dessaturação fotográfica, contraste pesado e todo um apelo visual quadrinístico anexado a uma narrativa acalmada. Não atoa, são 4h03min de duração. Esses elementos fazem do snyderverso um local de nicho, despreocupado em ser friendly family ou convencionar o superheroico. Muito menos banalizá-lo como a versão anterior desta obra fez. O atual filme é superior em todos os sentidos. Dito isso…
Um outro fato é que, gostando deste “verso” ou não, de suas convenções e para muitos, maneirismos, ou não, é inegável que para o que se presta Zack Snyder, é um gênio. Como já se pré-dispunha em 300 (2007) e Whatchmen (2009) o elemento sabe adaptar HQs como poucos – talvez como só ele saiba, até então – e por isso alcance futuramente a alcunha wolverinesca para os que não comunga com ele: “Ser o melhor no que faz, sendo o que faz nada bom“.
Sua longa faz jus para quem gosta do subgênero de supers e não dessa ou daquela editora. Entrega com competência para aqueles que já gostavam de seu trabalho. Aos que acaba desagradando, ficam também as certezas de que em seu filme personagens como Ciborgue, Flash e Superman têm os mais indeléveis dos toques humanos e as mais belas construções – ainda que em atos distintos da obra – sobre o que é ser um herói, incluindo para si mesmo. Ênfase no Ciborgue. Oremos. Amém.
Um filme com a mesma história de seu falho precursor, embora contado de forma totalmente diferente. Novos contextos, porquês e cadência. Personagens melhor caracterizados, demasiadamente melhor desenvolvidos. Um filme mais honesto.
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Desagradando muitos pela duração de seu filme, pelas canções embutidas em algumas cenas, pela melancolia e violência – digna – adotada aos heróis segundo sua perspectiva. Pelas câmeras lentas. Ao mesmo tempo que, para os fãs da mídia original (quadrinhos), entrega o melhor filme de super equipe já feito, quer você aclame tal autoralidade, quer não.
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