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Dicas de combates para o seu RPG – parte 3

Chegamos a terceira e – até segunda ordem- última parte sobre dicas de combates para o seu RPG de mesa. Se você não trilhou o caminho até aqui, dê uma conferida em nossa parte 1 e parte 2. Seguiremos daqui para as dicas do post.

Consequências de combates

“Você está perdendo muito tecido orgânico sobre seu endoesqueleto. Além disso, sua arma recauchutada está sendo exigida ao máximo!”

Combates decidem vida e morte, decadência ou ascensão, miséria ou glória. Mas, podem gerar muito mais do que aquilo que o pensamento imediato aponta. Vencendo ou não, sobrevivendo ou não, personagens podem ser prejudicados ou pressionados após uma briga, combate e afins. Armaduras podem ser comprometidas, tendo seus stats debuffados, armas podem se quebrar ou perder sua total efetividade, ficando gastas ou obsoletas, objetos da bagagem podem ser perdidos, danificados, destruídos, alterados em meio ou após um combate. O personagem pode contrair algum aspecto pós conflito, tal como alguma doença contagiosa, ou estresse, dificuldade no sono, consciência pesada, entre outros. Conflitos podem gerar diversas consequências que não se limitam apenas a perda de vitalidade ou atributos, impulsionando os jogadores a amadurecer suas perspectivas sobre esse momento em um RPG. Bem como fazê-los tomar providências e noção de como se preparar melhor e lidar melhor com tais consequências de uma luta.

Exemplificando as dicas de combates: “Muito bem! Após o tiroteio contra os Jaquetas-Vermelhas, você teve sua pistola danificada, precisa trocar componentes. Sua espingarda automática está sem munição. Seu sobretudo à prova de balas requer manutenção, ou logo perderá a tenacidade contra o dano balístico. Seu visor perdeu o espectro infravermelho, mantendo apenas o ultravioleta e a interface inteligente. Procure logo um especialista na Cidade dos Hologramas! Você sabe que os Jaquetas perderam menos que você e seu grupo, então logo estarão à espreita. Além disso, aquela bala perdida no mendigo no beco, terá sido sua?”.

Desleixo ou dificuldade

“Sei lá… Não tá fluindo”

Afie seu feeling, seja você mestre ou jogador, pois durante o combate você provavelmente se deparará em algum momento da sua vida de RPGista com o jogador desatento, disperso e que reduz tudo a rolar dados e se importar apenas com o que ocorre em seu turno. Prestando atenção no mínimo e apenas no que compete a si. Afiar seu feeling, ficar antenado, porque nem tudo que parece ser de fato é. No caso citado, tenha bom senso de chamar a atenção de forma pontual, dialogando e apontando as consequências negativas que aquela indiferença e desatenção podem causar no on e no offgame. Procurar estimular e caso não dê jeito, mantenha o diálogo, mas considere tomar atitudes em prol do bem da mesa, mesmo que isso signifique tirar aquele jogador.

Porém, pode se tratar de um outro caso, que não envolve futilizar o RPG, vício em tela de celular ou redução de tudo a dados e resultados. Pode ser que o determinado RPGista tenha DIFICULDADE nessa parte do jogo. Sim, no combate. Algo que para muitos parece instintivo, esperado e ansiado, para outros, pode ser um momento mais complexo do que prazeroso. Isso pode se dar por questões sistêmicas mais complexas, por pouca afinidade ainda com o hobby ou por nervosismo sobre como irá se sair, se parecerá útil ou sobre um já conformismo de que não é bom nisso.

Tenha um olhar crítico para saber distinguir o fútil do atribulado. No segundo caso, tenha paciência, mais diálogo ainda, mais boa vontade ainda. Pois é alguém que se dá ao trabalho de tentar, mas que tem o combate como um obstáculo para o resto do jogo que lhe parece fluido. Principalmente se for um novato no RPG. Com o dificultoso, não dê puxão de orelha, dê motivos para ele seguir e se acostumar com as regras, narrativa em um conflito e criar a animosidade para tal momento.

Exemplificando as dicas de combates: “Aí, mana! Fica tranquila. Cê tá pegando a parada. Deixa eu só te mostrar o que soma com o que para você ter sua Força de Ataque e Força de Defesa”.

Frequência de conflitos

“Toda hora esse cara vem me encher a paciência!”

Chega a hora da briga! Vem a guerra, a pancadaria, a luta, o duelo, a contenda! Simplesmente: “Eeebaaaa!”. Mas, cuidado! Fique atento! Combates extremamente extensos quanto a horas e horas offgame ou até mesmo muitas sessões, podem desgastar e desestimular os participantes. Isso, é claro, vendo de uma forma geral a comunidade de RPGistas. Obviamente há grupos que se divertem – e sem problemas com isso – com combates a toda hora e a todo momento.

Outro fator que pode cansar e desagradar RPGistas quanto ao combate é a periodicidade do combate na narrativa. E isso vale para ambos os extremos. Um intervalo muito grande entre conflitos o que pode trazer aquela sensação de mesa que não avança, por mais que a história esteja seguindo através de outros recursos narrativos. Bem como um briga à cada esquina! Em cada sessão! Isso pode gerar um certo estresse, ausência de um “respiro” aos players e frustração dada vontade de desenvolverem outros aspectos dos personagens e não conseguirem. Certamente, conhecer bem os participantes de sua mesa, e ainda que distintos entre si, adequar a narrativa para agradar a todos é meio caminho andando para evitar tais problemas.

Exemplificando as dicas de combates: ” – Depois de passarem pelos saqueadores na estrada, entrar na gruta dos goblins, matando-os, vocês chegaram ao templo proibido. Ali foram atacados por homens serpentes! Desde então tem sido uma luta contínua, ininterrupta, contra druidas malignos. Por fim, transpassam o desafio e se deparam com o grande wyvern que quer vos devorar! E agora…

– Pera! Deixa eu adivinhar… Combate.

– EXATO!

– . . .”.

Encorajando os combatentes

“Daí eu saltei! Acertei o primeiro com um golpe desarmado e no ar, preparei o próximo ataque!”

Falamos anteriormente sobre fazer dos combates algo além do que rolar dados e dizer o que aconteceu, narrando sua grandeza. Falamos também sobre delegar aspectos de regra do combate aos jogadores, dotando-os de atenção e responsabilidades, desde que se possa confiar para tal coisa. De certa forma, um pensamento fruto dessas duas coisas, temos o incentivo aos jogadores sobre suas próprias ações e entendimento de resultados durante o combate. Incentive seus players a descreverem aquilo que ambicionam em combate, e também aquilo que alcançaram com determinada ação ou resultado.

Indague-os como eles gostariam de fazer determinada ação, um golpe, movimento, fala… e dê também a liberdade para que eles mesmos possam descrever como a mesma ocorrera quando tal se torna alcançada. Claro que se algo sair exagerado ou incoerente – viajado na maionese – pontue, relembre, realinhe. Mas, preze pela independência dos personagens PCs durante o combate. Isso gera animação e também atribui responsabilidade aos atos que eles mesmos executam.

Exemplificando as dicas de combates: “E aí? Quer descrever pra gente como foi o golpe derradeiro que tombou o dragão?”

Conflitos de formas inusitadas

“Brigar com carros é muito louco!”

Muitas vezes em combates que participei como player e que arquitetei como narrador, lidei e promovi situações durante o ocorrido que geravam uma outra experiência. Em determinados conflitos é interessante alterar o modus operandi dos personagens, tirando-os da zona de conforto. Um exemplo muito comum é em combates náuticos. É uma experiência totalmente diferente da de um clássico combate de chão ou campo de batalha.

Combates aéreos em vassouras voadoras, munir os PCs de armaduras steampunks imensas, colocá-los para operar grandes armas de cerco como torretas navais, balistas em muralhas, torres de canhões laser e outros. Fazê-los lutar às cegas na escuridão ou na neblina densa, criar uma briga que acabe debaixo d’água, ou que se desenrole enquanto apostam uma mortal corrida em veículos futuristas, um duelo mortal enquanto se penduram em cordas e pêndulos em uma grande altura. Além de investir na descrição detalhada e criativa do ambiente onde o combate se desenrola, crie situações inusitadas às vezes e inove. Surpreenda e deixe seus players atônitos.

Exemplificando as dicas de combates: “Você e seu algoz estão cara a cara! Apenas com suas fraternais armas, você com a espada e ele com a foice. Ao redor, vigas e telhas caem em chamas, as paredes são como tapeçarias dançantes de puro fogo. Vocês estão para se atacar, abraçando a provável morte de ambos, independente de quem vença. A medida que lutarem, lidarão com as chamas, destroços que caem e inflamáveis que derretem ou explodem. Rola o dado!”

 

Concluímos nossas dicas de combates! Que tenha sido proveitoso. Desejo a vós grandes, memoráveis e qualitativos combates, além de boas rolagens, RPGistas!

Marcello Costa

Comunicador. Desde pequeno explorar o imaginário, o faz de conta e a narrativa de vida foi uma tendência. Não a toa, estudei Comunicação Social. Livros, HQs, músicas, animações, filmes e séries são de alto consumo, embora uma parte minha ainda penda de humanas para biológicas, agravando um forte apreço e interesse ambiental e em programas ligados á isso. Quem sabe por isso minha classe fantástica favorita seja o Ranger, ou Patrulheiro, ou Guardião, como preferir chamar. Sim, classe mesmo. RPGista inveterado, confesso. Uma paixão do final da infância que segue comigo até hoje.

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