O Esquadrão Suicida, deste ano, ou o famigeradamente tido como “Esquadrão Suicida 2” enfrenta certa adversidade devido ao seu lançamento paralelo nos cinemas e no streaming (HBO Max). Ainda em claros tempos de pandemia, apesar das atuais flexibilizações e viabilizações, os cinemas não renderam uma bilheteria confortável para o filme. O streaming rendeu segurança, mas a nível de bilheteria, se comparado ao parco – em qualidade – filme da Viúva Negra, o Esquadrão foi baixo. Haverá prejuízo ou saldo negativo? Ao que tudo indica, não. Todavia, isso levanta questões. A Warner sabe mesmo gerenciar um selo (DC Comis) de subgênero de super-heróis? Ou mesmo, quer lidar com tal? Seja administrativa ou criativamente?
Desde a polarização dos fãs, e supostos fãs, em boa parte já cunhados pela “fórmula marvel” – já gasta – a Warner lida com os filmes DC de forma dúbia. Atualmente, de forma porca. Os executivos decidiram então que o universo será descontinuado. Ou seja, não será um universo DC. Ou, como estamos observando, com o próprio O Esquadrão Suicida, com o vindouro filme do – ou com – Adão Negro, ou mesmo Aquaman 2, o estúdio não se importa em descaracterizar personagens interpretados ainda por atores de tempos e obras snyderianas.
A Warner Bros não está interessada em não confundir seu público, nem em confirmar – ou não – se uma obra dialoga com essa ou aquela outra. Se quer se deram ao trabalho de rebootarem seu suposto universo. A máquina não pode parar. Lá está a Marvel, em pouco tempo a Image também estará. Não há tempo a perder. “Vamos como está e que Nova Gênese esteja conosco!”, devem dizer em suas reuniões engravatadas.
A coisa é visivelmente tão enfadonha e caótica – sim eu sei, soa paradoxal – que alavancados pela “certeza” de que erraram ao tentar fazer um universo integrado nos cinemas, agora correm para desmantelá-lo, mas sem serem honesto com o público. Querem algo novo, sentem vergonha do que fizeram antes, mas não param para pôr ordem na casa. Usam atores, personagens, títulos e símbolos editoriais sem a menor perspectiva de coesão, mesmo dentro de obras que, supostamente, estão desprendidas dos cânones passados das telonas.
Irremediavelmente, a Warner coloca a carroça na frente dos bois ao apenas seguir desenraizando mediocremente seu antigo DCU sem dar um basta no mesmo. O erro nunca foi tentar fazer um universo integrado, como a concorrente fez tão bem. O erro foi fazer isso de maneira gulosa, sem desenvolver personagens e tramas como deveria. E agora, usando a desculpa de que um universo integrado DC foi o erro, iniciam um universo descontinuado – zoneado, na verdade – que provavelmente estará fadado às mesmas polarizações passadas por parte da fanbase. Ou pior, fracassará pelo mesmo erro da tentativa de um DCU: não parar para pôr ordem na casa.
Em “O Esquadrão Suicida 2”, Amanda Waller nos apresenta o personagem Sanguinário como o competente criminoso que mandou o Superman para a UTI com um disparo de bala de kryptonita. Ao ver e ouvir essa cena, você realmente consegue aceitar que o Superman do Henry Cavill sofreu isso? Nesses momentos, a Warner nos força a imaginar uma figura neutra. Um Superman sem rosto, apenas um “S”. Pois fez da DC uma vergonhosa confusão. Como se já não bastasse o Superman sem enquadramento de cabeça em Shazam.
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