Chegamos a nossa última parte de como estruturar NPCs para RPG. Seguiremos agora para pontos importantes sobre a exposição, caracterização e interpretação de NCPs. Ainda que mais voltado para mestres, essas dicas podem auxiliar players em seus roleplays também.
Caso não tenha acompanhado a análise até aqui, confira nossa parte 1 onde abordamos conceitos gerais dos non-players characters, seus graus e participatividade e aprofundamento quanto personagens. Em nossa parte 2 discorremos sobre a conduta do narrador sobre seus NPCs, contexto para os mesmos e mudanças em prol da qualidade do jogo.
Quando assumo uma interação com PCs, no caso sendo eu narrador na ocasião – logo, assumo por um NPC – procuro ser de fato aquele indivíduo. Ser, é claro, no sentido de interpretação. Para isso, de antemão, quando ainda a estruturá-lo, defino duas coisas sobre o mesmo. E isso vale para quaisquer NPCs que eu vá me aprofundar mesmo que de forma breve. Tais coisas são: motivação e ambição.
O que esse personagem mais quer? Podendo ser um macro desejo ou um conjunto de metas. E o que o motiva para seguir tais objetivos? Qual é a alavanca em sua vida? Somando isso aos já discorridos fatores de vivência e personalidade do estruturar de NPCs, teremos uma interpretação muito mais livre, leve e solta. Você já sabe o que quer, já sabe porquê quer. Tornando-se muito mais fácil ser aquele personagem naquele momento. Havendo mínimo ou nenhum esforço para retratá-lo.
Um guerreiro que ambiciona matar a qualquer custo os seus inimigos e dissidentes, movido pela ideia de uma vindoura paz futura para si e seu povo. Um sacerdote que deseja viver em prol do próximo, mesmo que isso o leve a dor. Ele crê que pelo martírio e gentileza, alcançará a dignidade necessária para estar na presença de seu deus e antepassados. Um corsário que almeja o fim da escravidão na costa mercantil de seu continente, tendo ele sido escravo, é movido dia após dia à tolerar pilhagens, mortes e chantagens, mas, não escravidão.
Conhecendo o cerne, a alma dos personagens, você poderá sair de um e ir para outro sequencialmente de maneira muito mais natural, leve para você e reconhecível para seus jogadores. Além de poder gerar roleplays bem pontuais e dignos do que aquele determinado NPC, que você deseja aprofundar, merece.
Sei que isso não vem da noite para o dia, e para algumas pessoas é deveras difícil. Sendo algo alcançado progressivamente, mesmo que em marcha lenta, já é muito válido. Pois, para encarnar e representar melhor seus NPCs, algumas nuances bobinhas podem ser muito úteis. Coisas ligadas a nossa expressão, representação em um sentido mais teatral. Um elemento do RPG que julgo muito divertido e apaixonante. A interpretação facial, verbal, física de um personagem. Para mestres, de seus NPCs.
Alterar a voz é uma ferramenta muitíssimo útil para marcar a entrada e/ou mudança de NPCs por parte do mestre. Diversas vezes, mais de um NPC estava a debater em cena com PCs, e com uma simples alteração de voz, era possível fazer com que players soubessem quem vos falava. Passava a não ser mais necessário qualquer sinalização offgame sobre quem interagiria em meio a cena. Além da sonorização, pensar em forma mais pontuadas, acentuadas ou até em sotaques, fazem com que o estruturar de NPCs nesse aspecto seja imensamente fértil e útil.
Mudar o tom, muitas vezes também é sabido. Alguns personagens tendem a vociferar, ou ter pigarro, rouquidão, voz estridente, muito masculina, ou muito feminina, voz baixa e tênue… Procure dizer uma mesma sentença através da voz de NPCs distintos. Escute-se. Treine, ensaie até. Para os mais retraídos, isso pode ser bem positivo.
Somando aos sons vocais, ajuste sua face para tal personagem. Como ele se expressa pelo rosto quando diz determinada coisa? Exercite olhares distintos. Cruze voz com expressões faciais variadas, montando uma externalização de personalidade. Algo que faça sentido para tudo o que já estruturara daquele NPC.
Uma simples frase, tal como: “Estou de olho em você”, pode ser totalmente diferente dependendo do personagem. A odalisca pode dizer de forma carnal, através da máscara de tecido, seguido de uma piscada. O guarda da vila, pode soar severo tom de advertência, olhando de cima para baixo, quase ameaçador. A maga insana pode dizer isso de forma fria, com olhar fixo, e rosto inexpressivo, retratando um ar débil, imprevisível e com isso, perturbador.
Seguido de uma breve descrição, ou ressaltar recorrente sobre algo em determinado NPC, procure, caso de pé – o que é comum quando narro – ou bem visível para seus jogadores, manter uma postura condizente com tal NPC. Bem como sua gesticulatória. Desmunhecar, estufar peito, se debruçar, se apoiar, andar, se impor, se retrair, se sentar, segurar algo… tudo pode ser feito com diferença para cada personagem. Tendo o cerne já citado do NPC bem definido na sua cabeça, tais nuances são quase automáticas. Caso prefira não emanar tanta fisicalidade para representá-los, pincele com descrições.
Comunicação não verbal é um aspecto muito rico e se bem explorado, principalmente em raças não humanas, pode render ótimas referências e tendências. Raças com orelhas pontudas, ou caudas, ou pés animalescos de calcanhares elevados, presas externadas, membros extras… Imagine a liberdade para criar movimentos de uma espécie! Ou de um determinado indivíduo melhor aprofundado da mesma. De coisas habituais daquela raça até tiques e memórias musculares.
Seu NPC já tem um passado. O mesmo NPC já tem uma personalidade esculpida. Esse NPC tem traços de comportamento. O NPC tem uma VIDA! Portanto, ele deve ter alguns hábitos. Como uma pessoa tem! Talvez ele fique introspectivo quando veja, ouça, beba ou relembre algo. Pode ser que ele fique a afiar a lâmina de seu machado sempre que possível, quase um carinho pela arma ou por se sentir precavido o máximo possível. Todo dia, às 15h ele nunca perde um certo talk show. Talvez ele fume muito, ou sempre denote certa tensão sexual, esteja sempre mexendo no cabelo ou se olhando em reflexos, quem sabe faça piadas sempre que possível.
Seu NPC pode ter pequenos hábitos, ou hábitos sabáticos, quase ritualísticos. Estes provém de sua vivência e personalidade. Observe as pessoas ao seu redor, todas elas tem esses aspectos. Dos menores aos maiores. Hábitos podem estar ligados a coisa boas quanto a ruins. Varie. Se quiser, introduza-os aos seus personagens, fazendo-os mais completos. Complexos. Lembre-se que ao estruturar NPCs, quanto mais complexos forem, mais críveis – talvez até cativantes, mesmo que maus – eles parecerão.
Esse foi o estruturar de NPCs para vocês, baseado em minhas experiências como narrador e também como jogador, observando outros talentosos mestres. Espero que lhes seja útil. Boas interpretações e boas rolagens, RPGistas!
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