Artigo

Kult RPG – Conhecendo RPGs #01

Conhecendo RPGs é uma série que visa apresentar diferentes mundos do RPG de mesa. Nada mais do que dicas de jogos! Nessa estreia de conteúdo apresentaremos Kult RPG. Visando expandir os horizontes de nossa tribo, os RPGistas, acompanhemos essa indicação de um RPG fenomenal, ainda que de nicho muito específico, tratando o horror de forma muito pesada, profana e madura.

 

O que se passa em Kult?

Através da ilusão muito acontece. Você quer ver?

Em Kult, nós humanos vivemos em um mundo de ilusão e que pouco a pouco tende a ficar visível para os mais sensíveis ou já feridos quanto a eventos ruins da vida. Variando um pouco de acordo com suas edições desse RPG – sendo atualmente quatro edições existentes – mesmo assim, a premissa gira em torno da mentira na qual vivemos e daquilo que perdemos e se quer temos conhecimento disso. O problema nisso tudo é que a verdade é simples e devastadoramente atroz! Terrível, visceral e hedionda!

Aquele que se entende como Deus, desapareceu da cosmologia, deixando assim uma desordem gradativa dos seres “de cima e debaixo” relacionada ao mundo. Dimensões diversas e temíveis passam se afetar, incluindo a nossa, criaturas sobrenaturais fendem a realidade e a realidade fica ao alcance dos mortais conforme se arriscam, sofrem e alteram sua natureza.

Além disso, nós seres humanos já fomos deuses! No entanto, uma entidade chamada Demiurgo, para muitos aquele o próprio Deus, religiosamente falando, nos trancafiou na dita cuja Ilusão, chamada Elysium. Perceba então que a partir dessa sinopse, até mesmo o que você conhece quanto mundo real já se torna distorcido. Não existindo Javé, Jeová, Deus… Há apenas o misterioso, sinistro a autoproclamado Demiurgo. Pelo termo, nota-se que Kult RPG bebe bastante da fonte do gnosticismo.

 

Almejando Kult

A verdade liberta. Será?

Você, jogador, um humano agora mortal que está sujeito a um ciclo de reencarnações começa a ter lapsos de um passado obscuro, doentio, aterrorizador. Juntando isso ao sumiço de “Deus”, a extensão da vontade do “Diabo” pelo cosmo procurando aflito o Demiurgo, a quebra de seu estratagema para manter a ilusão e conflitos entre as criaturas não terrenas, os personagens irão progredir através da morte, loucura ou ascensão para formas e estados inimagináveis ligados a sua antiga e esquecida natureza.

Como se não bastasse, com “Deus” e “Diabo” fora de suas devidas “casas”, o inferno chegou mais perto da Terra, o plano ilusão. Seres de lá, penetram o aqui pelas fraquezas da ilusão com o intuito de usufruir dos seres humanos, uma vez que não desejam que os mesmos recobrem sua antiga natureza e poderio. Além desses “anjos” – ou demônios – entidades de outras dimensões se quer citadas em nossas mitologias, agora passam a enxergar a ilusão e com isso nós, “serumaninhos”.

Isso é apenas uma pincelada que deixo para vocês sobre este cenário incrível! Vale muito a pena conhecer Kult RPG.

 

Sistema de Kult

Narrativa que prende, instiga a criatividade e prepara o terror.

O sistema de Kult RPG também sofreu mudanças conforme suas edições. Surgido em 1991, o jogo ganhou outras duas edições já publicadas. Atualmente, se encontra renovado por Kult: Divinity Lost, sua 4° edição, que no Brasil se encontra em financiamento coletivo, diga-se de passagem, uma campanha vitoriosa de arrecadação. O financiamento ocorre no Catarse e terá o encerramento da campanha em 08 de dezembro deste ano. A publicação vem pela Buró Jogos. Dito isso, tratarei brevemente sobre o sistema usado atualmente na franquia.

Powered by the Apokalypse é o tal sistema. Usado também em RPGs como Dungeon World e Monsterhearts, tem como cerne o narrativismo, visando assim a história a ser criada tanto pelos jogadores quanto pelo narrador. Esse sistema usa rolagens de poucos dados, somando ou subtraindo nas dificuldades daquilo que se fez necessárias tais rolagens, os testes, por assim dizer. Essas rolagens se traduzem em movimentos, na prática, ações e declarações dos personagens.

O sistema preza pelo diálogo para resolução e galgar da narrativa, executando rolagens em momentos mais decisivos ou de necessidade das mesmas. Os personagens possuem tanto atributos quanto traços característicos. Formas de “aprimoramentos”, no sentido de aprofundamento dos mesmos. Nas sessões, somente os jogadores fazem rolagens e o narrador, conforme acertos, acertos parciais ou falhas, insere suas consequências e “intromissões” na narrativa. Particularmente falando, um sistema que muito me agrada. Simples, sem imensos montantes de dados e voltado a construção da história.

 

Da ilusão ao horror

Mistério, aflição e medo.

Em Kult RPG, você vai encontrar temáticas muito, repito: MUITO pesadas. Tratando de sadismo, violência generalizada, deturpação, corrupção, alienação, enfermidade, insanidade e brutalidade gráfica. Dentro do contrato social no RPG, é mais que necessário que tais aspectos sejam apontados como existentes na proposta do jogo. Ele oferece tanto horror psicológico quanto o gore doentio. Desnecessário dizer, mas me sinto melhor apontando assim mesmo, Kult RPG é um jogo para adultos! E somente para os adultos maduros, vale ressaltar.

Kult é um RPG de horror contemporâneo, de origem suéca, com elementos que vocês podem encontrar em obras como Matrix, no sentido da ilusão ou filosofia, quanto a Hellraiser, sobre o lado carniceiro sobrenatural. Dito isto, corra atrás, pois é um conteúdo deveras bem construído e criativo. Se você curte esse tipo de proposta, claro.

Essa foi a breve apresentação do Kult RPG, com ênfase no Kult: Divinity Lost. Bons cultos e boas rolagens, RPGistas!

 

 

 

Marcello Costa

Comunicador. Desde pequeno explorar o imaginário, o faz de conta e a narrativa de vida foi uma tendência. Não a toa, estudei Comunicação Social. Livros, HQs, músicas, animações, filmes e séries são de alto consumo, embora uma parte minha ainda penda de humanas para biológicas, agravando um forte apreço e interesse ambiental e em programas ligados á isso. Quem sabe por isso minha classe fantástica favorita seja o Ranger, ou Patrulheiro, ou Guardião, como preferir chamar. Sim, classe mesmo. RPGista inveterado, confesso. Uma paixão do final da infância que segue comigo até hoje.

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